Prostituição: Base do sustento de alguns estudantes
Reportagem
Meninas e rapazes elegantes e bem cuidados, com uma idade compreendida entre 17 a 25 anos e Universitários. Este é o perfil dos que trocam cama por dinheiro e sexo por favores. Filhos de famílias de classe média a classe média alta são os que mais recorrem a esta Profissão, tida pela sociedade como a mais antiga e a menos aprovada.
Muitos dos Universitários prostituem se por coisas supérfluas. Como é o caso de: bens materiais, troca de favores, troca de sexo por nota, arranjar dinheiro para discotecas entre outros. É o que prevalece no caso deste jovem.
Com apenas 17 anos de idade Carlos (nome fictício), um jovem de 25 anos da ilha de Santigo começou a se prostituir. Um estudante da Universidade de Cabo Verde que trocou sexo por bens matérias e acabou perdendo partes da juventude, segundo explica. Iludido pelos amigos, como os viam, deixou-se levar pelos prazeres da vida da prostituição. Não possuindo muitas condições financeiras que lhe pudesse sustentar a sua vaidade recorreu a esta prática que segundo a sociedade é um acto imoral.
Na sua maioria são estudantes das ilhas, como é o caso da do Fogo e São Vicente assim explica o Sociólogo Alexandre Silveira. “Os estudantes que estão a praticar a prostituição são na sua maioria das ilhas, por causa da falta de condições que os familiares tem e também por causa da falta de comunicação por parte dos pais para com seus filhos. Este caso repete-se com mais frequência na ilha do Fogo. Os adolescentes e jovens crescem limitados e sem informação”.
Iniciam-se “na vida” ao chegarem a cidade da Praia, com o objetivo de arcar com despesas de moradia, alimentação e materiais académicos.
Esses jovens, moças e rapazes, são apresentados a esse mundo por amigos e amigas ou buscam sozinhos ao perceberem quão difícil e demorado pode ser a conquista de um conforto financeiro e uma vida mais luxuosa.
“Enquanto um estudante universitário consegue um estágio remunerado, alguns jovens temem que o conforto demore demais e buscam uma alternativa mais “simples”. Na verdade, aparentemente mais simples, porque a prostituição não é algo fácil e nem agradável”, conta-nos Maria (nome fictício).
Estudante da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, natural da ilha do Fogo e faz troca de sexo por dinheiro para arcar com as despesas.
Falta de dinheiro para pagar as propinas, renda de casa, alimentação, transporte, hospital, são alguns dos porquês que a leva a se prostituir. Ela recorre aos homens mais velhos, casados e que possuem boas condições financeiras para poder lhe ajudar.
“Entrei nessa vida por causa de falta de dinheiro. É a principal causa da minha prostituição. Quando não se tem condições para arcar com as despesas básicas qualquer coisa serve, neste caso até a prostituição”. Completa Maria.
Prostituição é a actividade que consiste em oferecer satisfação sexual em troca de remuneração, de maneira habitual e promíscua. Baseia-se em valores culturais que diferem em várias sociedades e circunstâncias, mas geralmente se refere ao comércio sexual de mulheres para satisfação de clientes masculinos e vice-versa. Também há formas masculinas de prostituição homossexual e, em menor proporção, entre homens que alugam seus serviços para mulheres.
Face a esta questão a psicóloga Ana Domingos acrescenta que realmente a prostituição não só é vista por parte das mulheres mas também por parte dos rapazes. “São pouco os casos mas em várias Universidades de Cabo Verde isso acontece. O ensino em Cabo Verde é caro e os pais não apoiam muito os seus filhos”, Diz.
A crise económica continua golpeando com força particularmente, os jovens. Cabo Verde não foge a regra, pois o desemprego constitui a principal barreira psicológica de milhares de jovens e ninguém parece ter esperança de que as coisas melhorem nos próximos anos. Uns por falta de condições financeiras e outros por pura vaidade.
A vaidade está na base da prostituição dos dois jovens são-vicentinos: António e Pedro (nomes fictícios) ambos vivem na cidade da Praia. Iniciaram esta prática desde o começo do ano lectivo na Universidade PIAGET e não o fazem por falta de dinheiro mas sim pela diversão. Quem explica é o Pedro que agora tem 25 anos e tem mais experiência do que o companheiro.
Na universidade de cabo verde e no PIAGET são as que tem maior número de comércio sexual face as outras existentes em cabo verde. O caso vem aumentando paulatinamente no decorrer dos anos. A cada ano chega-se mais estudantes e a cada ano acrescenta-se o número de prostitutas. O objectivo desta prática é garantir o término do curso, explica o Sociólogo Alexandre Silveira.
Esta profissão tende a ganhar contornos preocupantes no arquipélago. O número de jovens que se dedicam a essa actividade é na sua maioria estudantes universitários. O impacto da prostituição deixa marcas para toda a vida segundo o Sociólogo.
Essas pessoas têm mais probabilidade de serem violadas, maltratadas fisicamente e de terem doenças sexualmente transmissíveis. A nível Psicológico tem baixa auto-estima no caso de não terem alternativa e vergonha da própria pessoa, acrescenta a Psicóloga.
Neste momento há cerca de mil estudantes com dividas de propinas na Universidade de Cabo Verde na cidade da Praia. Segundo alguns estudantes esta é uma das fases que as levam a se prostituírem.
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